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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Pressão de base religiosa leva governo a desistir de kit contra homofobia

Líder do governo vê desinformação de colegas a respeito do trabalho realizado pelo MEC, mas deputado entende que cartilha "ensina criança a ser gay ou lésbica"

Por: Raoni Scandiuzzi, de São Paulo, e Anselmo Massad, de Brasília

Publicado em 25/05/2011, 19:05

Líder do governo Vaccarezza e Garotinho divergem sobre kit anti-homofobia (Foto: Rodolfo Stuckert\Agência Câmara)

São Paulo e Brasília - Após a pressão de setores religiosos da Câmara dos Deputados, a presidenta Dilma, por meio do secretário-geral Gilberto Carvalho, pediu a suspensão de produção do kit anti-homofobia nas escolas públicas. Um dos cabeças do movimento para o cancelamento, o deputado evangélico Anthony Garotinho (PR-RJ), disse à Rede Brasil Atual não querer que “dinheiro público financie opção sexual.” O kit contaria com três vídeos e uma cartilha com orientações contra práticas homofóbicas.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, considera que boa parte das pressões é fruto de desinformação por parte de seus colegas. “O que existe é uma cartilha distribuída para gays e lésbicas sobre doenças sexualmente transmissíveis, mas isso foi em 2010”, concluiu.

As Frentes Parlamentares Evangélica e Católica, que têm em Garotinho um de seus representantes, são a favor de uma cartilha que trate os problemas e complicações da homofobia, mas discordam do conteúdo produzido pelo Ministério da Educação (MEC). “Não combate a discriminação, ele estimula a opção sexual gay ou lésbica ou bissexual. Uma cartilha que ensina a criança como ser gay ou lésbica não é adequada”, defende o deputado.

Sobre o motivo de suspensão do uso da cartilha por parte do governo, o parlamentar afirma que na política há sempre um jogo de pressão. “Foi a pressão das pessoas que integram a Frente Parlamentar Evangélica e Católica que fez com que o governo abrisse os olhos para o grande erro que estavam induzidos pela atitude equivocada do (Ministro da Educação) Fernando Haddad.”

O secretário-geral Gilberto Carvalho explicou, após reunião com as bancadas religiosas, que a presidenta não gostou do material produzido a pedido do MEC. "A presidenta se comprometeu, daqui para a frente, que todo material sobre costumes será feito a partir de consultas mais amplas à sociedade, inclusive às bancadas que têm interesse nessa situação."

Jean Wyllys (PSOL-RJ), ligado à defesa das causas da comunidade LGBT, lamentou a decisão e ponderou que a defesa intransigente dos direitos humanos não pode ser feita apenas no exterior. Ele considera que Dilma pagou o preço pela "campanha subterrânea de difamação" realizada por líderes religiosos nas eleições do ano passado. "Espero que a decisão não passe de uma informação mal divulgada e tenho esperança de que a presidenta volte atrás", ponderou o parlamentar em comunicado.

O líder do governo na Câmara, o petista Cândido Vaccarezza, afirmou que o vídeo não é do MEC. “Não há vídeo algum, quem divulga o vídeo é o (deputado do PP-RJ) Bolsonaro. Falei isso ao Garotinho e a todos os deputados com quem conversei. O vídeo de que ele fala não é do MEC, ele foi encomendado a uma ONG, mas não foi aprovado pelo Ministério da Saúde.”

Garotinho não compartilha das ideias do deputado do PP, dizendo que sua “posição é totalmente contrária à de Bolsonaro." Garotinho ainda defendeu que as atitudes de Bolsonaro incitam e promovem a discriminação.

Segundo o deputado do PR o governo se reunirá, nas próximas semanas, com as Frentes Parlamentares Católicas e Evangélica para discutir o conteúdo de uma publicação que realmente combata a discriminação homofóbica.

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